Calçadão da Rua Pedro de Oliveira
Texto de Lauricy Belletti Rodrigues, uma aula sobre nossa história...
"Até que enfim nossa cidade se mexe e sai do marasmo em que se encontrava. As obras do calçadão da Rua Pedro de Oliveira estão mexendo com as cabeças e os corações dos carangolenses. Aquelas letrinhas nas calçadas indicando: DROGARIA SANTA IZABEL, A SELETA, FARMÁCIA DEGAS, JOALHERIA PAES LEME, perdidas até então nas calçadinhas maltratadas e agora destacadas, emocionaram a quantos que viveram essa história. E, de repente, nos encontramos com o Sr. Carlos Hugo e D. Lourdes Portilho – esbanjando simpatia – naquela Farmácia e Drogaria enorme, luzes acesas, prateleiras, balcão, vozes, pessoas, aberta à noite, enfeitando o “footing” da Rua XV… E o Sr. Lisboa – elegante, circunspecto – com lindos calçados, pois a Seleta era Seletiva… E o Sr. Degas e a Dolores, gente alegre, as filhas bonitas e o Lanito boêmio e sua flauta… A Joalheria Paes Leme, Chic, mobiliário de classe, joias e louças finíssimas e o Sr. Nenzinho magro, magríssimo, tranquilo, figura misteriosa… Essa gente surge, num segundo, aos nossos olhos, vivos, inteiros, com suas histórias…
Mas as casas residenciais do Carlos Hugo e do Degas estão intactas. Pena que só de uns tempos para cá, nós, carangolenses, resolvemos pensar em preservação: tantas casas vieram abaixo, a do Sr. Lisboa, na Marechal, a da Família Novaes e Família Cruz, também na Marechal, a casa do Sr. Mathusalém Paes Leme com belas sacadas! – em frente as Palmeiras, a casa do Dr. Mesquita, da Família Américo Novaes, a Padaria do João Belo, até a Casa Paroquial, todas na Praça da Matriz. Como diria Manoel Bandeira: “Vão demolir esta casa, /Mas meu quarto vai ficar,/Não como forma imperfeita, /Neste mundo de aparências: Vai ficar na eternidade, /Com seus livros, com seus quadros, / Intacto, suspenso no ar”.
É isso. Está tudo na eternidade, em nós, numa caixa invisível. E surgem, de dentro da caixa, o Clube Carangola e suas luzes verdes, a Casa Tavares, a Casa Progresso, a Sinuca em frente ao Clube, o Hotel da D. Jovina de Aquino, o Foto Morando, o Bar do Lilito, o Cine Brasil e aquele espelho enorme (barrocamente emoldurado), a Casa das Máquinas do Sr. José Loschi, as Farmácias do Sr. Firmino e do Sr. Onofre de Castro Neves, o Banco Mineiro e a figura carismática de Namir Guimarães, D. Yolanda Soares – linda! – na janela, olhando e sendo olhada (naquele tempo via-se o mundo pela janela de casa e não pela janela da TV), a Papelaria Simplício, a Casa Chic (chic mesmo), o Bar do Sr. Vitor Miranda e mais tarde a Casa Cibele, a sapataria A Elegante do Adjar Queiroz, o Bar do Simplício, a casa do Armando Imbelloni e a simpatia da Marina olhando da janela, a Casa Brandão, a Joalheria do Sr. Edgard Portilho, a casa do Dr. Moacir e da Luzia Latorre, as casas Pernambucanas, a casa da Família Jair Jorge, a casa do Sr. Albuquerque, Café e Leiteria Paiva – o Mané Paiva, o Ércio, o cafezinho, o pastel, o sorvete – a Fábrica de Meias da família Haddad Mergh, a Livraria dos “carecas” – os irmãos Filgueiras – o Hotel Central e os casais elegantes nas calçadas, o Banco Hipotecário, a Tipografia do Sr, Cruzaltino Guimarães, a Casa Spolaor, o Foto Pacífico…
Ah! A alma encantadora das ruas, com descreveu João do Rio. Porque as ruas têm alma, nós sabemos (sabemos?). As ruas criam o tipo urbano, a rua faz o indivíduo. (quem não se lembra da Escola de Samba Unidos da Barão? E as casa da Barão? E as meninas da Barão?) A rua atrai, seduz, é uma imagem que se liga a todos os sentimentos: “Na rua do meus amor/ Não se pode namorar:/ De dia, velhas á porta/ De noite, cães a ladrar…” (trova popular).
Então, a revitalização da Rua Pedro de Oliveira é uma injeção de sangue novo na história dessa cidade. De agora em diante uma nova história está sendo escrita. Beleza, limpeza, chiqueza, plantas, iluminação, bancos, um belo projeto da arquiteta carangolense Lúcia Portilho Mattos, terminando seu mestrado de Urbanismo na UFV. Palmas para Lúcia, palmas para a atual Administração da Prefeitura Municipal. Somos muito gratos a vocês."
Mas as casas residenciais do Carlos Hugo e do Degas estão intactas. Pena que só de uns tempos para cá, nós, carangolenses, resolvemos pensar em preservação: tantas casas vieram abaixo, a do Sr. Lisboa, na Marechal, a da Família Novaes e Família Cruz, também na Marechal, a casa do Sr. Mathusalém Paes Leme com belas sacadas! – em frente as Palmeiras, a casa do Dr. Mesquita, da Família Américo Novaes, a Padaria do João Belo, até a Casa Paroquial, todas na Praça da Matriz. Como diria Manoel Bandeira: “Vão demolir esta casa, /Mas meu quarto vai ficar,/Não como forma imperfeita, /Neste mundo de aparências: Vai ficar na eternidade, /Com seus livros, com seus quadros, / Intacto, suspenso no ar”.
É isso. Está tudo na eternidade, em nós, numa caixa invisível. E surgem, de dentro da caixa, o Clube Carangola e suas luzes verdes, a Casa Tavares, a Casa Progresso, a Sinuca em frente ao Clube, o Hotel da D. Jovina de Aquino, o Foto Morando, o Bar do Lilito, o Cine Brasil e aquele espelho enorme (barrocamente emoldurado), a Casa das Máquinas do Sr. José Loschi, as Farmácias do Sr. Firmino e do Sr. Onofre de Castro Neves, o Banco Mineiro e a figura carismática de Namir Guimarães, D. Yolanda Soares – linda! – na janela, olhando e sendo olhada (naquele tempo via-se o mundo pela janela de casa e não pela janela da TV), a Papelaria Simplício, a Casa Chic (chic mesmo), o Bar do Sr. Vitor Miranda e mais tarde a Casa Cibele, a sapataria A Elegante do Adjar Queiroz, o Bar do Simplício, a casa do Armando Imbelloni e a simpatia da Marina olhando da janela, a Casa Brandão, a Joalheria do Sr. Edgard Portilho, a casa do Dr. Moacir e da Luzia Latorre, as casas Pernambucanas, a casa da Família Jair Jorge, a casa do Sr. Albuquerque, Café e Leiteria Paiva – o Mané Paiva, o Ércio, o cafezinho, o pastel, o sorvete – a Fábrica de Meias da família Haddad Mergh, a Livraria dos “carecas” – os irmãos Filgueiras – o Hotel Central e os casais elegantes nas calçadas, o Banco Hipotecário, a Tipografia do Sr, Cruzaltino Guimarães, a Casa Spolaor, o Foto Pacífico…
Ah! A alma encantadora das ruas, com descreveu João do Rio. Porque as ruas têm alma, nós sabemos (sabemos?). As ruas criam o tipo urbano, a rua faz o indivíduo. (quem não se lembra da Escola de Samba Unidos da Barão? E as casa da Barão? E as meninas da Barão?) A rua atrai, seduz, é uma imagem que se liga a todos os sentimentos: “Na rua do meus amor/ Não se pode namorar:/ De dia, velhas á porta/ De noite, cães a ladrar…” (trova popular).
Então, a revitalização da Rua Pedro de Oliveira é uma injeção de sangue novo na história dessa cidade. De agora em diante uma nova história está sendo escrita. Beleza, limpeza, chiqueza, plantas, iluminação, bancos, um belo projeto da arquiteta carangolense Lúcia Portilho Mattos, terminando seu mestrado de Urbanismo na UFV. Palmas para Lúcia, palmas para a atual Administração da Prefeitura Municipal. Somos muito gratos a vocês."
Texto de Lauricy Belletti Rodrigues
Seu texto é tão lindo, feito as memorias descritas nele Lauricy. Um abraço
ResponderExcluirRealmente é uma passeio na memória do tempo da Rua XV
ResponderExcluirExcelente texto que nos leva a uma encantadora viagem. Uma Carangola que vive e pulsa nos corações mais sensíveis...
ResponderExcluirGrande abraço, Lauricy Belletti.
Que bela redação. Um viagem ao "túnel do tempo" na historia de Carangola tão amada e querida (que saudades). Lendo este texto vem em minha mente figuras de iguarias incomparáveis em beleza, cultura e emoção. Laurecy te felicito por suas palavras em desenhar Carangola. Lucinha(Arq. Lucia Mattos), lindo projeto . Faço contagem regressiva para passear por este passilho magestoso . Saludo ! Vanêssa Mergh
ResponderExcluirGostaria de saber o nome de um senhor muito educado, baixinho que bebia quietinho cerveja quente na Leiteria Paiva.
ResponderExcluirComo é gostoso viajar no tempo em que eu tambem vivi. Isto tudo sem contar que 1961 trabalhei no CTC. CARANGOLA TÉNIS CLUBE.
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